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Coisas que escrevo, Coisas que me apeteceu partilhar, Coisas que gostei, Coisas que achei piada, Coisas... Incluindo aquilo que já não sei porque partilhei...
Um fulgor de paixão
Um turbilhar de emoção
Vórtice de sensação
Ciclone de imensidão
A plenitude do ser
na totalidade dos seus eus
Que dirão os ventos destes eventos plenos de tormentos
mundanos, insanos, carnais?
Relâmpagos e vendavais,
Trepidando canaviais
Ocultando na tormenta das gentes
os ciúmes dos dormentes
o marasmo do mundo uno numa só manada
a dos conservadores moralistas
com cheiro a fascistas.
Ditadores de leis de sanitas
Prenhes de parasitas
Na mesquinhez da zelotípia,
da emulação dos corpos que se usam
face aos seus...
aterrados no sofá da intempérie
da pasmaceira
da parvalheira
da estupidez.
Quando as coisas não tem sentido no momento... mas depois passam a ter.
Quando do pensamento emana a recordação, a sensação de repetição... e o sentido!
Quando um episódio isolado do nada passa a fazer todo o sentido...
Porque se lhe encontrou, perdido, no fio do tempo, um elemento.
O elemento que lhe confere significado, explicação... justificação de acção, palavra e omissão.
When it happens no words can describe.
E depois ficas a rir-te por dentro...
Curvem-se os porcos,
Que do alto os pavões lhes passam por cima.
Espremam-se as vacas,
Que as cabras regozijam com isso.
Mantenham o rebanho bem tosquiado,
Que assim os lobos fazem casacos.
Depenem-se as galinhas,
Para fazer almofadinhas para as vizinhas.
Arranquem o bico aos patos.
Que é assim que se fazem escravos.
Luzia Pinheiro, 16 de Janeiro de 2015
Um pássaro pousou,
Numa asa de avião
E com ele voou.
Queria percorrer o mundo,
Sem tempo nem rumo.
Viajar pelos cinco continentes,
Ver paisagens,
Mares e outras gentes.
Aquele pedaço de terra onde nascera
Era demasiado pequeno para tão tamanha existência...
Sua essência era do tamanho do mundo.
Ele era um pássaro do futuro.
Luzia, Janeiro 2015
Embriagados de prazeres terrenos
Nos embalos de venenos
Bebemos e comemos.
Cantamos e maldizemos
Na missa sagrada do Deus de Amor
Na coerência cartesiana do pecador,
Prenhe de certezas e humildades
Bajulador.
Compramos bulas e vendemos banhas de cobra,
Somos seres iluminados,
Cínicos idiotas que na nossa esperteza saloia cuidamos ser finos.
Queremos ser famosos,
Queremos ter um lugar no céu,
Queremos ser inteligentes,
Queremos ser belos...
Mas somos frouxos,
Chico-espertos,
Esmifras e mesquinhos.
Escondemo-nos em máscaras!
E somos reles bastardos que batem com a mão no peito,
E dizem mal do vizinho minutos depois...
Queixar... confessar e rezar.
E o mundo a andar,
A andar...
Arrependemo-nos no leito...
Mas o mal já está feito.
Quem me pôs dentro de mim esta ânsia ardente
De quão é belo e puro e luminoso
se eu tinha de viver, humanamente,
Prisioneira d'um mundo tormentoso?
Quem me formou um coração fremente,
Torturado, exigente, cobiçoso
D'altura, d'infinito - se, imponente,
Veria limitar meu vôo ansioso?
Ah! Não sou deste mundo! O meu país
Não é este, onde o sonho contradiz
A realidade! Eu sou uma exilada,
Que um duro engano fez nascer aqui!
Tirem-me da prisão onde caí!
Arranquem-me as algemas de forçada!
Florbela Espanca
O turbilhão do pensamento
como o centro de uma flor
Semeia-la o vento
e vai no encanto do tempo
sorrir com o calor.
Seus mistérios assim,
são poucos ou sem fim,
Sabe-los o firmamento
de tanto desejar.
O sentimento trespassado
no encanto do luar.
Dentro do céu o mar.
No limiar da tentação um limbo.
Do turbilhão do teu olhar.
Do nosso olhar.
Amar sem amar.
Nós dois perdidos,
iluminados pelo luar.
Infinito brilhar,
teus olhos refletindo o luar.
Um raio de luz flamejante
Repelindo a escuridão.
Refletindo o meu olhar no teu olhar.
Não sei que pensas de mim.
Que pensaste.
Que irás pensar.
Não importa.
Nossos olhos flamejantes de luz
Inundam a escuridão da noite.
Como chamas acesas perdidas no tempo.
Queima o sol
Arde sem se ver
Na pela nua do teu ser
O toque quente
O beijar ardente
Dos raios de luz atravessando teu ser
O poder transcendente do sol
No meu ser
Tomando o teu
No meu.
Aquecendo,
Sondando,
Profundamente.
Transportansdo-te para a imensidão
Do ser.
No dia em que deixei de amar
Chorei lágrimas de pesar
Levou-as o vento
Com um suave alento a brisa do mar
Desci.
As gélidas areias percorri
Na rebentação da onda
Mais uma lágrima escorreu.
Levou-a o mar
Num eterno ir e voltar
Fundindo-a na imensidão.
O mar há-de ir e voltar.
E eu? Eu tornarei a amar.
::::::::::::::::::::
Poemas ao vento
LP
Como uma flor que floresce no luar
Nossos corpos entrelaçados
Desbrochando na emoção
Vertigem e exasperação
Ritmando à intensidade
Num infinito fulgor de paixão
Celebrando a imensidão
Do momento único de união.
Momentos em que os sentimentos
dormentes e quentes
tomados de vontades
desmistificados na languidez de um olhar
presente na continuidade do momento
vivido.
Sonhado.
Respirado.
Expirado.
Sonhar nos mistérios do tempo
o sentimento presente que flui
descontentamento de uma ausência premente
preenchida pelo calor da demência
de uma noite de inverno fria
colmata com um uísque raro.
Devaneio
sentimento alheio
tomado como meu
no intimo teu.
LP
25 de Setembro de 2014
Braga