Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Coisas que escrevo, Coisas que me apeteceu partilhar, Coisas que gostei, Coisas que achei piada, Coisas... Incluindo aquilo que já não sei porque partilhei...
Embriagados de prazeres terrenos
Nos embalos de venenos
Bebemos e comemos.
Cantamos e maldizemos
Na missa sagrada do Deus de Amor
Na coerência cartesiana do pecador,
Prenhe de certezas e humildades
Bajulador.
Compramos bulas e vendemos banhas de cobra,
Somos seres iluminados,
Cínicos idiotas que na nossa esperteza saloia cuidamos ser finos.
Queremos ser famosos,
Queremos ter um lugar no céu,
Queremos ser inteligentes,
Queremos ser belos...
Mas somos frouxos,
Chico-espertos,
Esmifras e mesquinhos.
Escondemo-nos em máscaras!
E somos reles bastardos que batem com a mão no peito,
E dizem mal do vizinho minutos depois...
Queixar... confessar e rezar.
E o mundo a andar,
A andar...
Arrependemo-nos no leito...
Mas o mal já está feito.
Quem me pôs dentro de mim esta ânsia ardente
De quão é belo e puro e luminoso
se eu tinha de viver, humanamente,
Prisioneira d'um mundo tormentoso?
Quem me formou um coração fremente,
Torturado, exigente, cobiçoso
D'altura, d'infinito - se, imponente,
Veria limitar meu vôo ansioso?
Ah! Não sou deste mundo! O meu país
Não é este, onde o sonho contradiz
A realidade! Eu sou uma exilada,
Que um duro engano fez nascer aqui!
Tirem-me da prisão onde caí!
Arranquem-me as algemas de forçada!
Florbela Espanca
Falo de cor palavras improvisadas
Frases construídas, canções inanimadas.
Desconstruo sentido
Do falar desconstruido
Sem saber, de cor,
O que digo, o que falo.
E quem ouve e o faz,
De cor, constrói.
E quem faz, fá-lo,
Sabendo que,
Animando com o que vê e ouve,
Improvisa a côr
Nas palavras que diz de cor.
Edgar Alves in "aedart.blogspot.com"
Noites vazias ao luar
Pensamentos constantes
E nenhuma vontade de algo fazer
Mesmo tendo tantas coisas que fazer...
E olho a lua branca
Lá no céu estrelado
Banhando a Terra com uma luz prata,
e logo me surge um único pensamento:
TU
E somente TU.
...
Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós-próprios. Suave é viver só. Grande e nobre é sempre Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como ex-voto aos deuses. Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode Dizer-te. A resposta Está além dos deuses. Mas serenamente Imita o Olimpo No teu coração. Os deuses são deuses Porque não se pensam. Ricardo Reis
São duas rosas unidas,
São duas flores nascidas
Talvez no mesmo arrebol.
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.
Vivendo... bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho no céu.
Como um casal de rolinhas
como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.
Vivendo, bem como os prantos
Que em parelhas descem tantos
Das profundezas do olhar.
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.
Vivendo... ai, quem pudera,
NUma eterna primavera,
Viver qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e floria,
Na verde rama do amor.
Castro Alves
ver aqui: http://www.orizamartins.com/poes-C-Alves-rosas.html
Este foi um poema que me mandaram esta semana:
Silêncio